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Mudei-me , um novo inicio http://sussuros-silenciados.blogs.sapo.pt/ .
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Não sei como mas a janela do meu quarto já não chega para tanta turbulência que a minha alma não deixa transparecer. Nem mesmo ali, naquele espaço de tempo em que o céu me pertence, eu consigo mostrar o que realmente se passa. Olho para trás e vejo o quanto mudei, o quanto a criança que em tempos se achava matura caiu e voltou a cair para agora saber o que sabe.
Sempre percorri o mesmo caminho, podiam gritar “ não vais!”, sussurrar “ não é o melhor caminho “ ou até com um tom leve de cinismo “ vais errar”. Eu sempre fui aquela pessoa que precisou de seguir o instinto, cair, não interessa. Arranhões? Alguns. Cicatrizes? Para mais tarde recordar.
Hoje vi-te e corri para ti. Hoje dei-te o protagonismo que á muito tempo não tinhas da minha parte. Olhei-te com o mesmo sorriso de antigamente, pintei-te com as mesmas cores e por dentro existiu por momentos a mesma euforia de te ver. Corri, dei cerca de dez passos até que os meus pés pararam. Foi como que se uma força me puxasse e impedisse de correr. Permaneci imóvel enquanto te observava a subir.
Elas aproximaram-se sem sequer se aperceberem e caminhámos em conjunto para o Mc. Quando entrei disse-lhes que fossem para a fila porque precisava de falar contigo. Precisava simplesmente, era o teu riso que eu precisava que ecoasse na minha cabeça. Mas encontrei-te na fila, aproximei-me e coloquei as minhas mãos na tua cintura. Era suposto teres dado um pulinho mas não o fizeste. Permaneceste imóvel e nem um sorriso me deste. Brinquei com o teu cabelo e reclamaste, coloquei a mão sobre o teu peito e reclamaste. Tentei várias vezes criar uma conversa á qual tu ias respondendo mas por detrás de cada palavra existia um indiferença que era como punhais a rebentar a minha bolha de sabão.
- Eu sei que o passado não volta, mas sempre que tento pôr-te no presente reages sempre do mesmo modo.
- De que modo?
- Poderia reagir como um amigo. Fizemos tantos planos para quando acabássemos e tu viraste costas a tudo.
- Ya, e estou a corrigir isso. Já combinamos um café e tudo bo
- Estás? :x
- Amanha também é dia bo.
Odiei o facto de me chamar o que me chamava quando éramos namorados. Meteu-me raiva a indiferença com que ele me tratou, e o quão superior se pintou. Se pudesse gritar, chorava. Se tivesse a minha brisa diria : por muita indiferença que ele pinte será sempre o meu super herói.
Hoje vou revelar-te a este Mundo que nada sabe de ti. Revelarei cada linha do novelo que se tem vindo a formar pois cada vez mais acredito que tens um papel a desempenhar no meu caminho. 17 anos, moreno, extremamente beto, olhos cativantes e sorriso estonteante. Começámos a falar no hi5 , msn e mais tarde troca de números. Nunca liguei muito, conversas que todos têm, elogios que todos usam. Apenas mais um num quadro já muito rabiscado. Vi-o duas vezes , uma no colombo e outra no ABS. Digo-vos que fiquei supreendida, era mais giro do que eu esperava. Não falei com ele, eram 4:30 da manhã, e encontrava-me num estado não muito aprumado. Agora falamos mais, e hoje tivemos uma conversa estranha.
- Oh be quinta queres estar comigo? :p
- Na quinta vou virar loira amor.
- E no sábado ?
- No sábado pode ser chú.
- E vens mesmo?
- Sim
- Vou ver a minha lorinha :p
- a "tua" loirinha? sou morena ainda toto
- mas no sábado vais ser a minha loirinha
- Vou?
- Vais :p
- Não vou passar de um beijo no meio de tantos outros
- Nao vais não
- Como é que sabes?
- Não sou nenhum burro
( tudo muito giro, até que -.-' )
- Vimos para minha casa?
- Pode ser.
- Não te importas?
- Não tenho medo de ti para não ir a tua casa.
- E o que é que fazemos?
- Tocas para mim :D
- Tenho vergonha, mas para ti toco.
- E só toco para ti? Nao queres mais nada?
- O que é que me queres mostrar mais?
- Tu é que me tens de mostrar alguma coisa entao
- Ai tenho?
- Sim :p
- ... É melhor nao irmos para tua casa ( reparem que eu já estava " olha, quer foder-me a nao sabe como " )
- Tens de me mostrar uma sorriso parva
- Por momentos, pensei outra coisa .
E concluí que me encontro demasiado traumatizada :X
Agora não sei se vou ter com ele ou não .
A noite é minha. Palmilho as ruas que já tanto me deram, e num olhar, encontro-te. Esqueço-me por momentos do quanto me magoaste. O meu corpo encontra-se imóvel até que reparas em mim. Aproximaste, sussurras-me uma boa-noite ao ouvido e a tua mão desce para a minha cintura que me puxa para junto do teu corpo. Oiço-te, mas não te compreendo. Vejo-te, mas não sei falar. Obedecem-me agora muito menos as palavras.
' São escolhas, o destino é a ilusão dos ignorantes, not mine '
Antes não reparava em ti, não me eras nada mais que um mero caminhante, palmilhando o chão sem que eu o soubesse. Estavas presente na ausência, pois, tanto quanto sei nada me és. Não me guardas como conhecida, amiga ou namorada. Em nenhum desses termos me encaixo.
Aceitei a tua opção, o teu silêncio perante as minhas palavras mostraram o teu pouco interesse em conheceres-me. Talvez não faça o teu género, digo, afirmo e repito para mim mesma que tu não és o meu mas á algo em ti que me atrai. Não tive a tua voz uma única vez na minha direcção, nem tão pouco uma conversa. Contudo, á algo na tua presença que me faz querer-te mais perto. Se me desses uma oportunidade, darte-ia o meu mundo sem qualquer artimanha.
E isso assusta, porque tu não a queres. E é estranho, alguém não querer conhecer-me, estranho .
Ele não disse nada , não me respondeu ao comentário no hi5.
Aceitemos o facto de que nao tenho a minima hipotese (:
Hoje procurei-te no mesmo sitio de sempre.
Não te vi, mesmo sabendo que tu não me procuraste.
Olho-te fixamente de um ponto onde tu não me vês. Não é a primeira vez que sobressais da paisagem em meu redor, mas nunca parei para pensar no porquê de assim o ser. Olho-te, não me olhas. O teu riso ecoa por entre a brisa que o vento nos dá, voa com ele até mim e eu sorri-o sem pensar.
Não pensei em nada, não supus um relacionamento, um beijo, um abraço, um olhar, uma troca de palavras. Não o fiz. Olhei somente. Percorri cada traço do teu rosto decorando todas as imperfeições que te tornam tão único. Caracóis, seduzes-me sem saber.
Lanço os dados sobre o chão e procuro respostas. Tudo aquilo com que posso contar denomina-se “sorte”. Domina a vida, umas vezes mais do que gostaríamos, outras tantas aceitamos a derrota dos acontecimentos inegáveis e seguimos em frente sem questionar o porquê. Procuram-se razões que o azar não discute e a sorte não condena. Procuram-se, mas não se encontram.
Oiço os rebolar no chão de alcatrão. Caíram sobre as linhas do parque de estacionamento, mesmo onde se encontra a árvore da qual te avistei pela primeira vez. Eu ouvi-os rodopiar. Um, um, dois, quatro, cinco, três, seis, seis, quem sabe. Talvez a sorte esteja do meu lado, talvez não. Fecho os olhos e rodopio sobre mim mesma tal criança endiabrada.
Deixei os dados para trás, caminho na direcção oposta. És de um mundo que não o meu. Não quero ver os dados porque se o azar estiver do meu lado, a tristeza unir-se-á a mim novamente. Não, desta vez, caminho sem ver e observo-te sem saberes. Mas não te preocupes, eu decorei o caminho.
O tempo não cura qualquer dor, apenas as que nós revelamos secretamente.