Preciso de ar fresco.

Não sei como mas a janela do meu quarto já não chega para tanta turbulência que a minha alma não deixa transparecer. Nem mesmo ali, naquele espaço de tempo em que o céu me pertence, eu consigo mostrar o que realmente se passa. Olho para trás e vejo o quanto mudei, o quanto a criança que em tempos se achava matura caiu e voltou a cair para agora saber o que sabe.

Sempre percorri o mesmo caminho, podiam gritar “ não vais!”, sussurrar “ não é o melhor caminho “ ou até com um tom leve de cinismo “ vais errar”. Eu sempre fui aquela pessoa que precisou de seguir o instinto, cair, não interessa. Arranhões? Alguns. Cicatrizes? Para mais tarde recordar.

Hoje vi-te e corri para ti. Hoje dei-te o protagonismo que á muito tempo não tinhas da minha parte. Olhei-te com o mesmo sorriso de antigamente, pintei-te com as mesmas cores e por dentro existiu por momentos a mesma euforia de te ver. Corri, dei cerca de dez passos até que os meus pés pararam. Foi como que se uma força me puxasse e impedisse de correr. Permaneci imóvel enquanto te observava a subir.

Elas aproximaram-se sem sequer se aperceberem e caminhámos em conjunto para o Mc. Quando entrei disse-lhes que fossem para a fila porque precisava de falar contigo. Precisava simplesmente, era o teu riso que eu precisava que ecoasse na minha cabeça. Mas encontrei-te na fila, aproximei-me e coloquei as minhas mãos na tua cintura. Era suposto teres dado um pulinho mas não o fizeste. Permaneceste imóvel e nem um sorriso me deste. Brinquei com o teu cabelo e reclamaste, coloquei a mão sobre o teu peito e reclamaste. Tentei várias vezes criar uma conversa á qual tu ias respondendo mas por detrás de cada palavra existia um indiferença que era como punhais a rebentar a minha bolha de sabão.

- Eu sei que o passado não volta, mas sempre que tento pôr-te no presente reages sempre do mesmo modo.

- De que modo?

- Poderia reagir como um amigo. Fizemos tantos planos para quando acabássemos e tu viraste costas a tudo.

- Ya, e estou a corrigir isso. Já combinamos um café e tudo bo

- Estás? :x

- Amanha também é dia bo.

 

Odiei o facto de me chamar o que me chamava quando éramos namorados. Meteu-me raiva a indiferença com que ele me tratou, e o quão superior se pintou. Se pudesse gritar, chorava. Se tivesse a minha brisa diria : por muita indiferença que ele pinte será sempre o meu super herói.

publicado por Lébasi às 20:42